Brasília, 19/12/2006 - O desempenho da economia brasileira em 2006 frustrou a indústria. "O Brasil continua crescendo muito pouco. Crescemos menos do que o mundo há 11 anos consecutivos. Mas, nos dois últimos anos, o nosso crescimento representa a metade do crescimento mundial", disse o presidente da CNI, Armando Monteiro Neto, durante a apresentação do documento Economia Brasileira, Desempenho e Perspectivas. O estudo que faz um balanço da economia em 2006 e traça as previsões da indústria para 2007 foi apresentado hoje à imprensa na sede da CNI, em Brasília.
De acordo com o estudo, o Produto Interno Bruto (PIB) do país crescerá 2,7% neste ano, quase metade da expansão de 5,2% da economia mundial prevista pelo Fundo Monetário Internacional. O motor da economia ao longo do ano foi a expansão do consumo interno, que aumentou 3,7% impulsionado pelo aumento real da renda familiar e do crédito.
O crescimento do consumo doméstico, no entanto, teve pouco impacto sobre a produção da indústria brasileira, cujo faturamento aumentou apenas 1,4% de janeiro a outubro. Em 2006, o preço dos produtos importados ficou mais barato devido a valorização do real diante do dólar e o que se viu foi a substituição dos produtos nacionais pelos importados.
No mercado de trabalho, o destaque foi o aumento da oferta de empregos formais. O número de pessoas contratadas com carteira assinada aumentou 4,8% de janeiro a outubro em comparação com o mesmo período de 2005, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A formalização da mão-de-obra é uma tendência. Só nos últimos 12 meses, foram criados 1,24 milhões de postos de trabalho formais no país.
Cautela com os juros - O documento da CNI mostra que a política monetária foi pautada pela cautela na redução da taxa básica de juros. A Selic caiu de 18% ao ano no início de 2006 para 13,25% ao ano em dezembro. Com os juros altos, o país controlou a inflação e deverá fechar o terceiro ano consecutivo com os índices de preços dentro das metas estabelecidas pelo governo. No final de novembro, a variação do Índice de Preços do Consumidos Amplo (IPCA), acumulada em 12 meses, alcançou 3,2%, quase 1,5% abaixo da meta para o ano.
O cumprimento das metas fiscais contribuiu para a estabilidade do ambiente econômico, porém, a expansão dos gastos públicos faz com que haja a necessidade de aprimorar o ajuste fiscal. As despesas totais do governo em 2006 devem ficar em torno de 19,6% do PIB, contra os 18,2% do PIB registrados em 2005. De janeiro a outubro, o aumento dos gastos públicos concentrou-se nas despesas correntes. Em comparação ao mesmo período do ano passado, a ampliação foi de 1,05% do PIB, os investimentos cresceram 0,2%. Com a política fiscal adotada, o superávit primário deverá fechar 2006 em 4,32% do PIB, acima da meta de 4,25% do PIB estipulada para o ano. Em 2005, a expansão do superávit primário foi de 4,83%.
A taxa de câmbio entre janeiro e novembro foi de R$ 2,178, com valorização de 11% ante mesmo período de 2005. A taxa de câmbio do real frente ao dólar está praticamente estável há quatro meses. A valorização da moeda americana ao longo do ano foi maior que no resto do mundo estimulada pela alta taxa de juro real e pelo saldo comercial elevado. Entre janeiro e novembro as exportações brasileiras superaram os US$ 125 bilhões e deverão fechar 2006 com aumento de 16% em relação a 2005. As importações também cresceram. No acumulado do ano até novembro totalizaram US$ 84,1 bilhões e deverão crescer 25% em comparação a 2005.
Agência CNI