Brasília, 11/12/2008 - O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, revelou hoje (11) que o Conselho Monetário Nacional (CMN) vai baixar resolução para ampliar as alternativas de aplicação das reservas internacionais para empresas brasileiras com financiamento externo, a vencer no ano que vem e que ele estima em mais de US$ 10 bilhões.
Meirelles disse que o objetivo é socorrer empresas vítimas da crise de liquidez no mercado internacional de crédito. Situação que, a partir de meados de setembro, “restringiu fortemente a oferta de crédito para bancos e para empresas brasileiras que tradicionalmente se financiam no exterior”.
Ele explicou que hoje, com menos acesso ao crédito externo, na medida em que a taxa de rolagem dos empréstimos está baixa, substitui-se o empréstimo externo por financiamento interno: “A empresa vai ao mercado doméstico de empréstimos, em reais, e toma recursos. Com isso, pressiona o custo do crédito interno e a disponibilidade do crédito”.
A medida vai autorizar o BC a fazer operações de empréstimo a instituições financeiras, nos termos da Medida Provisória 442, para que ela [instituição] empreste os recursos a uma empresa nacional que tenha empréstimos externos. Isso é para evitar que os empréstimos não renovados, por falta de cobertura, pressionem, em última análise, o mercado de crédito brasileiro, explicou Meirelles.
O presidente do BC disse que poderão participar dessa triangulação financeira todas as instituições autorizadas a operar câmbio no Brasil, bem como suas subsidiárias no exterior. Também serão autorizados a tomar esses empréstimos instituições financeiras internacionais que tenham nível de risco de no mínimo AA.
De acordo com Meirelles, a finalidade é suprir uma parcela importante do crédito brasileiro que é tomado no mercado internacional. Até agora, disse ele, o governo estava atendendo a uma parte do crédito externo que era de financiamento ao comércio exterior com leilões de linhas de crédito para o financiamento das exportações.
Agora, acrescentou, o objetivo é regularizar o mercado de crédito em duas frentes: deixa-se de pressionar o mercado de crédito em reais e aumenta-se também a disponibilidade de dólares no mercado cambial brasileiro, na medida em que uma das formas de restrição de fluxo de dólares no país é exatamente a queda da oferta de recursos externos.
Os valores dos empréstimos, segundo ele, serão limitados a 125% do total de vencimento de empréstimo externo e pelas estimativas do BC o valor total dessas operações de socorro deve ser acima de US$ 10 bilhões. (Agência Brasil - Stênio Ribeiro)